Pensamentos



"A sociedade que aceita qualquer jornalismo não merece jornalismo melhor." ALBERTO DINES


terça-feira, 6 de dezembro de 2011

O 4º poder

Alex Pires e Pedro Henrrique Diemer

 
     Sempre se falou do poder que a televisão tem, não somente na vida particular das pessoas, mas também em setores sociais e políticos. É a antiga questão ética, de onde começa e termina o limite que uma emissora possui. Essa semana, o assunto voltou a ser pauta, após José Bonifácio de Oliveira Sobrinho ter dado algumas declarações polêmicas em uma entrevista.  
   Lançando a sua biografia, Boni esteve presente em muitos eventos e programas para falar sobre o livro, e consequentemente, sobre sua vida. Comandando durante anos o setor de programação da Rede Globo, sua vida está atrelada a momentos importantes da nossa televisão - momentos bons e ruins.
       Em conversa na Globo News, declarou que nas eleições presidenciais de 1989, deu dicas para o então candidato Fernando Collor de Mello (vídeo). As tais dicas incluíam tirar a gravata e aparecer mais no meio do povo, como forma de ter o carisma e a popularidade que o adversário Luiz Inácio Lula da Silva tinha com o povo.



     A verdade é que a discussão é antiga. Porém, essa é a primeira vez que alguém que trabalhou na emissora carioca fala algo mais concreto sobre o caso. Mas, o que de fato isso significa? Ainda que se possa acusar a postura tomada como errada, não há nada que comprove que foi essa postura responsável por ter levado Collor ao Palácio do Planalto. A discussão retornou a ser tema recorrente em conversas informais, e também objeto de análise para especialistas.
     O principal aspecto analisado desse fato é a época em que ocorreu. Em dias como os que vivemos, a maioria da população tem acesso a um grande número de informações. Em 1989, as coisas eram muito diferentes.
     O advento virtual que a internet proporciona ainda não fazia parte da vida das pessoas. A concorrência entre as redes de TV eram menores, e, sim, a Globo era detentora de um monopólio da informação bem maior do que acusam hoje.
     Isso acaba batendo em questões éticas e conceitos de imparcialidade no jornalismo. É também valido lembrar que a democracia como um todo era algo novo para todos, até mesmo para a televisão, e talvez não se soubesse como lidar com aquela novidade.
     Para o jornalista Emerson Cabral, de uma afiliada da TV Globo, a mídia vem tentando se aperfeiçoar e melhorar como instrumento político: “A Globo tem tomado um cuidado extremo na formulação das perguntas feitas aos candidatos, para que não pareça que algum candidato está sendo beneficiado ou que outro esteja sendo massacrado. Tem procurado fazer o mesmo nível de perguntas a todos os candidatos".
     Cabral também ressaltou que o papel da imprensa é informar, não sendo correto omitir nenhum fato. Essa é uma das acusações feitas a uma edição do Jornal Nacional, que ao fazer um resumo de um debate entre Collor e Lula, teria privilegiado os melhores momentos de Collor e os piores de Lula (vídeo). Mas não é relativo? (o que é exatamente um bom e um mau momento? Como se classifica ele?)
        Esse assunto ainda vai render muito. E é provável que não exista um consenso ao final. A lição que fica é que fatores externos são pontos fortes na decisão de que informação passar, e de como passar. Talvez pensar com a própria cabeça seja o mais adequado. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário