Ândria Völz, Natália Elsenbach, Rita Pereira e Vanessa Lilja
Olhos atentos
a cada informação retribuem a iniciativa do “Projeto Vizinhança”, promovido
pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel). O
programa oferece várias atividades diferenciadas, como oficinas de línguas
estrangeiras, ginástica para mulheres acima de 25 anos, atendimento
odontológico às crianças da Escola Ferreira Viana, entre outros. Segundo a
coordenadora do projeto, Luciane Prado Kantorski, o Projeto Vizinhança vem
sendo realizado desde 2009, com o propósito de estabelecer uma relação com a
comunidade vizinha ao Campus-Porto.
O bairro
O bairro Balsa teve origem na
época do ciclo do Charque. Devido ao grande fluxo de embarcações no Arroio São
Gonçalo para o transporte do produto, houve o desenvolvimento do bairro, na
época uma das áreas mais urbanizadas da cidade. Com o final do ciclo, foram
instalados frigoríficos na região, inclusive o Anglo (onde funciona a UFPel
atualmente), que forneceram empregos nas décadas de 1950-60. Os trabalhadores
eram oriundos de outros municípios, e a iniciativa de ocupação desse espaço
pelos funcionários deu-se pela necessidade destes residirem próximo ao local de
trabalho. Contudo, no início da década de 1990, esses locais fecharam as
portas, acumulando milhares de desempregados.
Com isso, o bairro da Balsa se
tornou uma área da cidade de alta vulnerabilidade econômica e social. Uma
comunidade empobrecida em um local esquecido pelo Poder Público acabou ficando à
mercê da violência, dos roubos e do uso de drogas. Hoje, é uma das regiões mais
pobres de Pelotas.
O projeto
Atualmente, vários cursos da
universidade fazem parte do projeto, cada qual com atividades referentes à sua área na comunidade. O curso de Letras, por exemplo, oferece aulas de espanhol
às crianças da Balsa; os acadêmicos de Teatro e Dança também promovem
peças com os jovens. Para os adultos, os estudantes de Educação Física
proporcionam aulas de ginástica. Além desses, também estão no projeto, os
cursos de Nutrição, Odontologia, Veterinária, dentre outros.
Todos cursos vêm com a proposta de oferecer
atividades alternativas, que distraiam, divirtam, ensinem e motivem pessoas que,
na maioria dos casos, não teriam oportunidade de participar de tais serviços. Maxwell
Gouveia Gonçalves, 25 anos, morador do bairro, disse que acredita que esse
projeto ajuda a melhorar a qualidade de vida dos que residem no local.
Além disso, o Projeto
Vizinhança auxilia no combate às drogas e à violência, pois evita a
desocupação das crianças e dos adolescentes, e guia para a formação de bons
cidadãos. Os indivíduos do bairro percebem que há quem se preocupa com eles, e
que não foram completamente esquecidos e desvalorizados.
Assim, as pessoas beneficiadas erguem
sua autoestima, aprendem a se ver como cidadãos dignos do direito de não apenas
trabalhar para seu sustento, mas também ter acesso a atividades que qualquer
pessoa merece ter, independente da classe social à qual está inserida. E, como
já foi dito, esse projeto aproxima a comunidade da universidade. Esse
relacionamento, além de melhorar a realidade dos moradores do bairro Balsa,
ainda desperta a ambição de fazer parte do grupo de acadêmicos da instituição,
incentivando o desenvolvimento profissional e, conseqüentemente, econômico dos
moradores do bairro. “Minha filha Kamily participa de algumas atividades deste
programa, e acredito que por causa dele ela poderá ter mais motivação para
ingressar na universidade”, afirmou Maxwell.
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