Ezekiel Dall'Bello
O
movimento cultural “Não Deixe Nossa Vigília Morrer”, promovido por
tradicionalistas de Cachoeira do Sul, já completa mais de duas semanas,
com muitas discussões e debates. Após o anúncio do prefeito da cidade,
Sérgio Ghignatti, de que não realizaria a Vigília do Canto Gaúcho esse
ano, gaúchos e gaúchas têm se envolvido fortemente para mudança de tal
decisão.
A fim de defender a cultura local, o movimento começou por volta do dia
seis (6) desse mês. Embora simbólico, é uma luta pela cultura popular,
pela identidade cultural gaúcha e a honra daqueles que fazem os
festivais de música, poesia e canto do Rio Grande do Sul. “Pela honra da
cultura gaúcha”, tradicionalistas junto ao Núcleo Cachoeirense de
Compositores Nativistas (NCCN) lançaram a campanha “Não Deixe Morrer
Nossa Vigília”.
Ghignatti gera polêmica |
O prefeito da cidade afirma que decidiu “priorizar atividades que
envolvam competidores só de Cachoeira, o que faz com que o dinheiro das
premiações fique na cidade”. Também ressaltou que “os tradicionalistas
não têm do que reclamar”, pois ele está apoiando financeiramente a
cavalgada da integração.
Em contrapartida a essas declarações, os organizadores do movimento
lembram que jamais os músicos de Cachoeira do Sul ou participantes do
festival foram convidados para uma reunião com o prefeito ou seu
departamento de eventos, para debater o assunto ou tratar de qualquer
tema. Por informações extraoficiais, sabe-se que apenas em 2010 houve um
contato com patrões de CTGs perguntando se os mesmos desejavam “assumir
a Vigília”.
Clarissa faz crítica à Prefeitura |
Conforme a jornalista Clarissa Moura (foto), “um dos maiores e mais tradicionais festivais nativistas do estado agoniza com o descomprometimento - com a identidade cultural gaúcha - destes políticos que se elegem ‘declamando’ Jaime Caetano Braun na TV, mas depois viram as costas à produção cultural regional”. Ainda afirma que “a Vigília não morrerá, pois os mandatos eleitorais terminarão e a cultura seguirá”. Clarissa finaliza dizendo que “chega de ‘mercadores’ e políticos que não promovem a cultura determinarem a extinção de nossos festivais, de calarem a nossa voz, atentarem contra nossa memória histórica, apagarem os nossos versos, renegarem nossas origens e negarem nossa identidade cultural”.
Frente a tudo isso, organizadores do movimento pedem o apoio dos
nativistas do Rio Grande e do Brasil no sentido de manifestarem o seu
protesto com a decisão da Prefeitura. A ideia para os interessados é de
replicar a mensagem para demais contatos e pelas suas redes sociais, ou
escrevendo diretamente para o prefeito, os vereadores de Cachoeira do
Sul e o Jornal do Povo, principal órgão de imprensa da cidade.
No dia 20 de Junho, na Câmara de Vereadores da cidade, houve assembleia
na qual foi discutido o assunto. Segundo o estudante Bruno Bitencourt,
19 anos, “foi um grande dia para o movimento. Além da votação prevista,
alguns vereadores explanaram sobre o movimento. Dentre eles estava
Leandro Balardin, que levou ao público presente a informação de que no
orçamento previsto para este ano tinha R$104.000,00 para a Vigília”.
Os debates e discussões continuam em meio à população e
principalmente nas redes sociais, como no twitter, onde segue a hastag
"#NãoDeixemNossaVigíliaMorrer". Enquanto temos de um lado os
tradicionalistas que tanto lutam pelo evento, temos de outro os
administradores e responsáveis pela Vigília, que cada vez mais se veem
encurralados frente à manisfestação. O tema está indefinido, e ainda vai
dar muito o que falar.
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