Virgínea Novack
Sou
careta. Drogas bah! Não
deixe a droga controlar sua vida. Crack nem pensar! Drogas, Tô
fora! Mate sua curiosidade sem que ela te mate. A vida é curta e a droga encurta. Esses são alguns
slogans que temos ouvido nos últimos anos. Com o passar do tempo, a nossa maior
certeza é que quem entra pro mundo das drogas nunca mais sai. O estado proíbe
terminantemente o uso de maconha, cocaína, crack, LSD, e atualmente, do oxi.
Mas onde tudo isso começa? Tudo começa
com as drogas que são legalizadas e vendidas em qualquer barzinho.
Segundo Mariana
Araguaia, graduada em Biologia, que faz parte do projeto Brasil Escola, “O
cigarro apresenta em sua composição gás carbônico, monóxido de carbono, amônia,
benzeno, tolueno, alcatrão, acido fórmico, acido acético, chumbo, Cadmo, zinco,
níquel dentre muitas outras substâncias.” Ela afirma também que “o cigarro é
ainda mais viciante que drogas como álcool, cocaína, crack e morfina [...]. Assim,
a probabilidade de um indivíduo se tornar dependente de nicotina é muito alta”.
Como se não bastasse,
de acordo com a Universidade
Estadual Paulista (UNESP), o tabagismo é diretamente responsável por 30% das mortes por
câncer, 90% das mortes por câncer de pulmão, 25% das mortes por doença
coronariana, 85% das mortes por doença pulmonar obstrutiva crônica e 25% das
mortes por doença cerebrovascular. Outras doenças que estão relacionadas ao uso
do cigarro são aneurisma arterial, trombose vascular, úlcera do aparelho
digestivo, infecções respiratórias e impotência sexual.
Estima-se que no
Brasil, a cada ano, 80 mil pessoas morram precocemente devido às doenças
causadas pelo tabagismo, número que não para de aumentar. De acordo com o Instituto
Nacional do Câncer (INCA), 24% das crianças são de alguma forma fumantes
passivas e estão sujeitas aos efeitos nocivos do tabaco.
Apesar de tudo que o
cigarro pode causar, ele ainda pode ser considerado uma droga aceitável para a
sociedade, pois não é entorpecente, isto é, não tira o indivíduo da realidade, o
que lhe permitiria cometer delitos que não faria se estivesse sem o efeito da
droga.
Mas e o álcool?
De acordo com o Cisa (Centro de informações sobre
saúde e álcool), “A ingestão de pequenas quantidades de álcool provoca
desinibição e alterações do comportamento, mas se o indivíduo exagerar pode haver
mudanças fisiológicas e comportamentais severas, o que culmina em possíveis casos
de violência interpessoal e até mesmo coma alcoólico.” O álcool é a substância
psicoativa mais popular do planeta, sendo a droga preferida dos brasileiros
(68,7% do total). No país, 90% das internações em hospitais psiquiátricos por
dependência de drogas são devidas ao álcool.
O alcoolismo é a terceira doença que mais mata no
mundo. Além disso, causa 350 doenças, físicas e psiquiátricas, tornando
dependentes um em cada dez usuários.
A verdade
Então, se essas drogas são tão terríveis e são
liberadas, outras drogas como a maconha devem ser altamente destrutivas, não é
mesmo? Não! Segundo
dados da ONU, 147 milhões de pessoas fumam maconha no mundo, o que faz dela a
terceira droga psicoativa mais
consumida do planeta, depois do tabaco e do álcool.
Mas será que a maconha
não faz mal? Depois de mais de
um século de pesquisas, a resposta mais honesta é: faz, mas muito pouco, e só
para casos extremos. O uso moderado não faz mal. O usuário eventual de maconha, que é o mais comum,
não precisa se preocupar com um aumento grande do risco de câncer. Quem fuma
mais de um “baseado” por dia há mais de 15 anos deve pensar em parar.
E a célebre frase
repetida anos: “Maconha mata neurônios”? Não passa de mito. Bilhões de dólares
foram investidos para comprovar que o THC (substância psicoativa da planta) destrói
o tecido cerebral, mas nada foi encontrado. E ainda na comparação com o álcool,
a maconha leva grande vantagem: beber muito provoca danos cerebrais irreparáveis
e afeta a memória.
Com isso, chegamos à
grande explicação para algumas drogas serem socialmente aceitas e outras não,
que é o que acontece com o álcool e cigarro (que são lícitas) em comparação à
maconha (que é ilícita). É que as drogas lícitas rendem ao governo cerca de 13
bilhões de reais ao ano, enquanto que a maconha não traz lucro nenhum ao
governo, até porque eu nunca vi traficante pagando imposto.
Você
realmente acha que o governo esta preocupado com a sua saúde?
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