Esther Louro e Manuelle de Lima
Na última semana, um projeto de lei proposto na Câmara dos
Vereadores de Rio Grande, de autoria da vereadora e primeira-dama Luciane
Compiani, deu o que falar. O projeto propõe que a prefeitura estude a
possibilidade de destinar um espaço para um cemitério de animais de estimação.
A vereadora deseja que o município ofereça o espaço físico
para a construção do cemitério, que poderá ser administrado pela prefeitura ou
pela iniciativa privada. Ela argumenta em seu projeto que o destino indevido
dos restos mortais de nossos “amiguinhos” traz diversos riscos para o meio
ambiente.
É necessário conscientizar a população que os cadáveres dos
animais não devem ser dispensados como lixo comum, tampouco enterrado em
qualquer local. Afinal, os restos em decomposição aliados aos agentes
causadores de algumas doenças colocam em risco a saúde dos moradores da região.
Não se pode negar que um bichinho de estimação se torna parte
importante da família, sendo tratado muitas vezes como um filho. Porém, será
que o dinheiro público deve ser destinado a tal fim? Não seria mais apropriada uma
proposta privada, já que o mercado de pets movimenta milhões em nosso país?
Na web se encontra muitos sites de cemitérios para animais. A
maioria cobra bem caro por seus serviços e existe até a opção de compra de
jazigo antecipado, com pagamento parcelado. Portanto, ao que parece, a proposta
de um cemitério para pets se adaptaria melhor à iniciativa privada, pois o retorno
é praticamente garantido.
Na esfera
municipal, a medida prioritária em relação a animais domésticos deveria se
dirigir aqueles abandonados, sem dono, aos cães e gatos que vivem na rua, sem
alimentação, sem carinho, vivendo e morrendo sem amparo.
Via de regra,
animais com dono moram em uma casa, dispõe de alimentação e cuidados, e raramente
terão seu corpo enterrado em qualquer lugar ou atirado no lixo comum. As
clínicas veterinárias costumam se encarregar de dar o destino adequado aos
animais mortos.
O
que clama urgência é a elaboração de uma lei que possibilite a ampliação e a
melhoria da estrutura do Canil Municipal do Rio Grande. Assim, será possível abrigar
um número muito maior de animais, mais condizente com a quantidade de cães e
gatos que se vê vagando nas ruas.
Deveria haver um
efetivo recolhimento dos animais de rua e a preocupação em lhes dispensar qualidade
de vida enquanto aguardam adoção. Considerando que a adoção ainda é rara nos
dias de hoje, caberia à Prefeitura garantir aos animais abrigados uma vida
digna, com alimentação devida, desverminação, tratamento de doenças e castração.
É melhor cuidar dos
bichinhos em vida do que após a sua morte.
Opiniões da população Riograndina:
Mauricio Porto, 37 anos, vigilante e morador
do bairro Vila Maria, concorda com o projeto de lei:
“Eu
acho a melhor coisa do mundo, porque a gente não pode enterrar os bichos nos
pátios, em qualquer lugar, os dejetos podem chegar ao lençol freático e fazer
mal. E os animais domésticos são bichos que tem a vida curta, e sempre morrem
antes das pessoas. Aí fica todo mundo doente de tristeza por perder o bichinho. Enterrar eles de uma maneira bonita ia doer menos.”
Tais Cardoso, 27 anos, formanda do
curso de medicina na FURG e moradora do bairro centro, discorda do projeto de
lei:
“Eu sou contra porque tem assuntos mais prioritários que isso, acho que tem que dar sim um destino correto para os animais mortos, mas projetos sanitários que abranjam toda a população, moradia e o destino correto do lixo são alguns exemplos de investimentos que deveriam ser feitos antes do cemitério!”
José Colar, 61 anos, motorista e
morador do bairro Castelo Branco, concorda com o projeto de lei:
“Eu
concordo porque nós temos amor pelos animais. Se o bichinho morre a gente vai
poder levar direto pro cemitério, se a gente tem condições de levar a gente vai
levar, porque se pega amor ao animal e ele já faz parte da família.”
Pâmela Altamor, 23 anos, estudante
universitária e moradora do bairro São Miguel, discorda do projeto de lei:
“Eu acho um absurdo! Em vez de investir na
castração de animais, mais uma vez, a vereadora tenta nos convencer que se
preocupa com os animais. A proposta do Cemitério de animais de estimação seria
ótima se pensarmos em educação ambiental e se na cidade de Rio Grande não
existissem tantos animais abandonados. Primeiramente, é necessário pensar no método
mais eficaz para diminuir a população de cães desabrigados e mal tratados, a
castração. Em segundo lugar, é necessário a construção de um espaço que possa
abrigar, temporariamente, esses animais, os oferecendo uma vida saudável, com
carinho, respeito e muito amor. Ao contrário do que acontece no canil municipal
de nossa cidade. Em terceiro lugar, um trabalho de divulgação desses cães para
adoação. Para aí sim, talvez, se pensar em Cemitério para animais de estimação.
Amo animais e faço minha parte acolhendo-os em minha casa e lhes tratando com
respeito e dignidade. Não posso concordar com a proposta de nossa primeira-dama, mais uma vez pensando apenas na elite riograndina.
Juliane
Meneses, 24 anos, estudante universitária e moradora do Balneário Cassino,
concorda com o projeto de lei:
“Eu sou a favor dos cemitérios para animais, pois tem pessoas que tratam eles como membros de suas famílias e que muitas vezes só tem animais de estimação...Assim como a maioria das pessoas enterra seus entes queridos, porque não ter a opção para quem se apega tanto aos animais quanto à pessoas.”
Rafaela
Habeiche, 25 anos, administradora e moradora do bairro Parque, discorda o
projeto de lei:
“Acho que a prioridade é cuidar destes bichinhos em vida. O nível econômico da cidade aumentou e hoje, existem muitas pessoas que têm animais de estimação caríssimos e que recebem todo luxo que pode existir. Estas pessoas sim, podem querer que este projeto torne-se realidade. Eu não tenho nada contra a concretização deste projeto, desde que parta da iniciativa privada bancar este investimento. Se o dinheiro sair dos cofres públicos, deveriam priorizar canis para os animais de rua e ajudar ONGs que já cuidam de muitos bichinhos."
Veja a reportagem exibida no Jornal do Almoço de Rio Grande,
na terça-feira dia 28 de junho:
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