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quarta-feira, 6 de julho de 2011

Um problema chamado Bullying

Antoniela Rodriguez, Elana Mazon e Maria da Graça Siqueira


Todos os dias chegam aos meios de comunicação vários casos de agressão, das mais diversas naturezas, que acontecem dentro das escolas. Essas práticas violentas, físicas ou psicológicas, que acontecem intencional e repetitivamente, são denominadas bullying. O termo, sem tradução no português, tem origem na palavra bully, que em inglês significa valentão, brigão.
O fenômeno acontece em qualquer contexto, não se restringindo a nenhuma classe social ou faixa etária, e traz sérias consequências para as vítimas. Risadas, empurrões, apelidos inconvenientes, fofocas, exclusão de um determinado grupo ou quaisquer atitudes com a intenção de humilhar o outro, são exemplos de bullying.
        Comportamentos deste tipo sempre existiram no mundo todo. Porém, foi na década de 70, na Europa, que começaram as primeiras pesquisas sobre o assunto. Famílias da Escandinávia perceberam que as crianças adoeciam, e chegavam em casa com queixas de humilhação e maus tratos entre  colegas. O professor Dan Olweus, da Noruega, começou a estudar esse assunto.  Constatou que sete entre 10 alunos estavam envolvidos com o bullying, sendo agressores ou vítimas.  Percorreu então toda a Europa, e assim foram surgindo pesquisas e estudos. Hoje, a professora Cleodelice Aparecida Zonato Fante, uma das fundadoras do Cemeobes (Centro Multidisciplinar de Estudos e Orientação sobre o Bullying Escolar), estuda essa questão e já escreveu o livro “Fenômeno Bullying- Como Prevenir A Violência Nas Escolas E Educar Para  A Paz”.

Exemplo de Responsabilidade


Sônia luta contra o bullying nas escolas
No Instituto de Educação Estadual Assis Brasil, escola de Pelotas, a pedagoga e orientadora educacional Sônia Sirlei Machado Aguiar, relata que a preocupação com o bullying é constante. Desde 2008, a equipe do Serviço de Orientação Educacional (SOE) desenvolve um projeto de conscientização sobre o tema, que envolve direção, professores, pais e alunos. O trabalho, que foi motivado pelo grande número de queixas recebidas pelos profissionais da escola, começou com uma pesquisa entre toda a equipe escolar. Dos cerca de 2800 alunos, 397 que responderam ao questionário se sentiam vítimas, revelando que uma grande porcentagem dos alunos sofria algum tipo de agressão. Alguns deles relataram que, apesar de se sentirem muito humilhados, não sabiam que certas atitudes, como receber apelidos, podiam prejudicá-los.
         O agressor pode já ter passado por uma questão de vitimização, ou seja, ter sido uma vítima. Como o exemplo recente, do jovem assassino da escola em Realengo, no Rio de Janeiro. Sônia reconhece que, desde que começou o programa, não obtiveram melhora ou diminuição nesses casos, mas percebe que os alunos ficaram mais abertos, e há mais procura de ajuda.
O que ficou de importante da entrevista com a pedagoga é que o bullying já existia há muito tempo na escola, e que as vítimas sempre dividem a angústia com os amigos, pois sentem-se envergonhados de relatar o problema, por conta da humilhação. A Lei 13.474/2010, conhecida como Antibullying, e de combate ao bullying, foi publicada no Diário Oficial do Estado em 29.06.2010.

A visão da psicologia

 Segundo a psicóloga Rosária Sperotto, a vítima de bullying é sempre a mais frágil, a que sofre todo tipo de preconceito. Pode ser preconceito de cor, de altura, de peso ou até pela simples diferença, no que faz ou como age. As consequências poderão ser desde a baixa autoestima até a depressão. Sendo ainda, um problema de falta de sociabilidade em ambos os lados, pois agressor ou vítima não encontram outra maneira de convívio. Um só existe em função do outro, que permite a ação. Mas como o homem é resultado do meio em que vive, é possível que qualquer um dos dois revertam a situação, com ou sem ajuda externa, dependendo apenas de questões de personalidade.
Rosária diz ainda, que esse é um problema encontrado não só em escolas de nível fundamental ou médio, mas também em universidades. Antes de encerrarmos a entrevista, a psicóloga fez questão de lembrar, que hoje está muito na moda o “cyberbullying”, que consta do mesmo problema de violência, porém usando a internet. Desde filmagens sobre a privacidade de alguém exposta nas redes sociais, até a gravação, com a câmera do celular, de momentos de luta corporal. A psicóloga considera esse tipo de violência mais cruel, haja vista a dificuldade de se encontrar o agressor, protegido pelas facilidades do mundo virtual.

 

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