Pensamentos



"A sociedade que aceita qualquer jornalismo não merece jornalismo melhor." ALBERTO DINES


domingo, 10 de julho de 2011

Tudo que os olhos veem

Ciclo de palestras na Universidade Federal de Pelotas levanta a importância da imagem no jornalismo

Alex Pires e Antoniela Rodriguez

Uma imagem vale por mil palavras. Acreditem, vale mesmo. Claro que, tratando-se de jornalismo, se ela vier com um texto junto, será ainda mais enriquecedor e informativo. Mas uma foto, um vídeo, tem o seu valor. A responsabilidade de um fotógrafo jornalístico é que a foto tirada, independentemente do texto, passe alguma espécie de informação.
A imagem é poderosa, sendo utilizada muitas vezes como forma de espetáculo. Desde que o mundo existe, o espetáculo o movimenta em diversas áreas e níveis, seja na religião, esportes ou artes. Não são poucos aqueles que desejam se promover através dele. Com o surgimento e avanço das mídias e da chamada espetacularização, a imagem pode ser tudo, elevar alguém ao topo, fazendo de sua reputação a melhor, ou então afundá-lo de vez.
Entretanto, como tudo na vida, o uso dessa arma não é só para coisas ruins. Dentro de todas as vertentes do jornalismo, as fotos servem como complemento a uma informação. A própria história humana, no que diz respeito a signos imagéticos, está diretamente ligada - e é dividida - de acordo com os avanços tecnológicos ao longo do tempo na imagem. Sua importância é apontada por muitos especialistas no assunto. 

Paulo Rossi em palestra
 
Fotografar exige cuidado, atenção e empenho. Encontrar o enquadramento certo, a luz adequada e elementos semânticos que façam aquela imagem ter sentido e significado. Para Paulo Rossi, que já lecionou fotografia na Universidade Federal de Pelotas no ano de 2009 e trabalhou nos jornais Zero Hora e Diário Popular, “a foto é um texto visual”. Sobre a visão do jornalista com sua câmera, questões de ângulo e procura do que fotografar declarou: “O certo para a câmera pode ser o que o jornalista não procura”. Através de uma simples película fotográfica, é possível fazer o real virar imagem, e uma imagem tornar-se real.
Em certas ocasiões, discute-se a ação de um jornalista. A pergunta é se, diante de uma situação onde determinada pessoa corra algum perigo, seu lado profissional deve prevalecer, ou se então o correto é, se possível, tentar ajudar.
Ao longo da história, uma quantidade incalculável de fotos foram feitas, e determinados exemplares ganharam fama mundial por seu conteúdo, por representarem momentos marcantes, ou possuírem tom social. A mais marcante, entretanto, deve ser a imagem agonizante de uma criança sendo observada de longe por um urubu no continente africano.


O autor do retrato foi condenado por várias pessoas, que alegaram o fato de que ele não ajudou aquela criança, não socorreu a um ser humano. A pressão foi tamanha que a culpa o dominou e, meses depois, ele veio a cometer suicídio. Ainda assim, a foto ganhou fama e notoriedade mundial, aparecendo sempre na lista das mais marcantes.
O que teria sido o correto a fazer na seguinte situação é contraditório. Na palestra feita para a turma de Jornalismo da UFPel, Paulo Rossi falou sobre o assunto enquanto mostrava fotos de um incêndio na galeria Zabaleta. Para o fotógrafo, é importante deixar claro que não são em todas as situações que o profissional pode prestar ajuda. Mas mesmo assim, não há impedimento para que ele use a sua câmera e, em seguida, faça o que estiver ao seu alcance para reverter a situação.
Curiosamente, alguns dias depois, no Programa do Jô, um entrevistado alegou algo semelhante. Contudo, não só de tristezas e tragédias é feito o trabalho de Paulo e de seus colegas do meio. Também faz parte do seu cotidiano fotos lindas, como a beleza de uma cidade iluminada vista de cima.

A fonte das Nereidas, fotografada por Paulo Rossi

 
André Lapuente também palestrou no Campus Porto da UFPel, transmitindo seus conhecimentos aos alunos do curso de Jornalismo. Focando na parte de vídeos, falou sobre os planos na hora de uma gravação, e fez uma experiência com os estudantes, os fazendo ler um texto no quadro enquanto eram gravados.        
O ciclo de palestras foi encerrado no dia 6 de Julho, e jovens que desejam ser jornalistas tiveram a oportunidade de aumentar o leque de seus conhecimentos. Segurar câmeras e treinar postura são partes de um caminho, que deverá ser longo, mas que certamente dará bons resultados. 

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