No dia em que se completa exatamente três meses de Realengo, o país pede por três letras
Luís Alexandre Alves
“Era manhã de quinta-feira, 7 de abril de 2011. Como de costume eu
ligaria a televisão para tomar café e acompanhar as notícias do dia, mas em uma
manhã especial: aquela que era o dia do jornalista. Contudo naquele dia a
notícia era apenas uma: doze crianças são mortas por atirador que invadiu
escola no Rio de Janeiro.”
Esse
foi o desfecho do que ficou conhecido como o Massacre de Realengo, relembrado
pelo próprio acadêmico de jornalismo Luis Alexandre Alves. Aquela trágica manhã
na Zona Oeste do Rio de Janeiro faria o Brasil acordar de luto. Três meses se
passaram e as marcas da violência continuam assolando todos os dias as famílias
brasileiras. E algumas questões nos deixam dúvidas.
Números que traduzem
Segundo
dados do Ministério da Justiça, das 16 milhões de armas de fogo, 14 milhões
estão na mão da população brasileira. Neste ano o Brasil lançou uma nova
campanha do desarmamento com o tema: “Tire uma arma do Brasil”. Já foram pagos
mais de 910 mil reais na campanha e mais de 30 mil munições já foram
apreendidas. Esses números nos ajudam a entender a realidade brasileira. O
problema da violência nos centros urbanos que recai sobre a sociedade é também
um problema dos governos e no local onde concentra-se o poder político nacional.
Em Brasília, a cada quatro minutos ocorre um delito no Distrito Federal. São 15
crimes por hora, segundo o Correio Braziliense.
Discutimos o que sobre educação?
O tempo
passou: a mídia ganhou com a exploração do choro, os políticos prestaram
solidariedades e o Brasil se emocionou. Procuraram esclarecer quem era esse
jovem e o que o levou a fazer isso. Contudo quando se falou em educação? No
papel dessa mesma escola na vida desse jovem, na formação dele. A precariedade
na educação tem sido algo constante pelos quatro cantos do Brasil, mas as
discussões efetivas sobre a educação e o papel da escola tem sido escassas,
porém cada vez mais necessárias.
·
Assista
ao vídeo da professora que ficou conhecida no Brasil inteiro
O Brasil precisa acordar
Para que mais nenhuma manhã, tarde ou noite tenha que ser
de um luto trágico, o país precisa agir. A participação das pessoas na discussão
real sobre a educação e seu papel na formação do cidadão precisa vir à
tona. O poder público e o povo brasileiro precisam abrir os olhos às questões
de interesse comum, pelo bem de todos. O caso de realengo não é isolado,
pois existem jovens como esse que morrem todos os dias pela falta da escola na
sua vida, da educação. São os jovens que morrem nas drogas, por armas de fogo,
por irresponsabilidade. Não é da escola a culpa desses acontecimentos, mas não
é ironia do destino. A mesma educação que forma profissionais para servir a
sociedade deve ser a educação que formará pessoas para viver em sociedade com
uma base sólida e orientada.
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