Ezekiel Dall'Bello
Não é
de hoje que o jornalismo se utiliza dos avanços tecnológicos para complementar
sua produção, assim como toda sociedade mundial. Com o passar dos anos, o
acontecimento não só era descrito em palavras, mas também apresentado em
imagens. A fotografia propiciou uma representação do fato muito mais completa
do que qualquer texto, mas deve-se ter alguns cuidados nesse estudo da imagem
na produção jornalística.
A foto
vai muito além do “sair clicando”. É algo muito mais complexo, que necessita
ser fundamentalmente contextualizado. A imagem pode ser usada em diferentes
contextos dependendo da ideia central. O sujeito precisa ser conhecedor dessas ideias
e das qualidades da fotografia para uma imagem perfeita.
A
imagem é fundamental na construção de sentido no contexto jornalístico. Na TV,
a linguagem visual é uma forma de mediação entre as pessoas e os
acontecimentos. A imagem é uma representação da realidade, um fato que liga o
leitor ao acontecimento.
Representação
é o termo chave para a compreensão dos textos. Deve dizer algo sobre algo. É
preciso utilizar a imagem de forma a produzir efeitos do real, naturalizando
acontecimentos para o leitor. O que a notícia vai trazer de reflexão social com
aquela imagem?
A
preocupação com a linguagem da foto, com sua produção de sentido, deve ser
muito séria. Afinal, a fotografia é um processo discursivo. A edição pode
melhorar, piorar, deixar igual ou até mesmo mudar totalmente o sentido da foto.
Deve-se ter muito cuidado nisso, tendo em vista que uma imagem pode salvar uma
matéria ou destruí-la. Pode ajudar o repórter ou derrubá-lo.
A
fotografia ganhou tanto espaço no jornalismo que hoje em dia, dentro desse
campo, temos as denominadas matérias visuais, nas quais as imagens têm mais
relevância do que o escrito em si. Contudo, elas ainda têm seu espaço
controlado pelos veículos, especialmente no jornalismo impresso.
O
design do jornal impresso é diferente de qualquer outro. Não é só fazer
“bonitinho”. É fazer funcional. É saber unir a fotografia, para a
contextualização, facilitando a compreensão do leitor, mas sem desconsiderar o
texto em si, que é a alma do impresso.
Há
quem diga que “uma imagem vale mais do que 1.000 palavras.” O jornalismo atual
está em uma situação na qual devemos estudar com cuidado essa afirmação, já que
temos cada vez mais imagens e menos texto. O jornalista não deve substituir a
imagem pelo texto ou vice-versa, mas sim, saber complementá-los, unindo-os de
forma clara, justa e coerente para a boa compreensão do público leitor.
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