Ciclo de palestras na Universidade Federal de Pelotas levanta a
importância da imagem no jornalismo
Alex Pires e Antoniela Rodriguez
Uma
imagem vale por mil palavras. Acreditem, vale mesmo. Claro que, tratando-se de
jornalismo, se ela vier com um texto junto, será ainda mais enriquecedor e
informativo. Mas uma foto, um vídeo, tem o seu valor. A responsabilidade de um
fotógrafo jornalístico é que a foto tirada, independentemente do texto, passe
alguma espécie de informação.
A
imagem é poderosa, sendo utilizada muitas vezes como forma de espetáculo. Desde
que o mundo existe, o espetáculo o movimenta em diversas áreas e níveis, seja
na religião, esportes ou artes. Não são poucos aqueles que desejam se promover
através dele. Com o surgimento e avanço das mídias e da chamada
espetacularização, a imagem pode ser tudo, elevar alguém ao topo, fazendo de
sua reputação a melhor, ou então afundá-lo de vez.
Entretanto,
como tudo na vida, o uso dessa arma não é só para coisas ruins. Dentro de todas
as vertentes do jornalismo, as fotos servem como complemento a uma informação. A
própria história humana, no que diz respeito a signos imagéticos, está
diretamente ligada - e é dividida - de acordo com os avanços tecnológicos ao
longo do tempo na imagem. Sua importância é apontada por muitos especialistas
no assunto.
Paulo Rossi em palestra |
Fotografar
exige cuidado, atenção e empenho. Encontrar o enquadramento certo, a luz
adequada e elementos semânticos que façam aquela imagem ter sentido e
significado. Para Paulo Rossi, que já lecionou fotografia na Universidade
Federal de Pelotas no ano de 2009 e trabalhou nos jornais Zero Hora e Diário
Popular, “a foto é um texto visual”. Sobre a visão do jornalista com sua
câmera, questões de ângulo e procura do que fotografar declarou: “O certo para
a câmera pode ser o que o jornalista não procura”. Através de uma simples
película fotográfica, é possível fazer o real virar imagem, e uma imagem
tornar-se real.
Em
certas ocasiões, discute-se a ação de um jornalista. A pergunta é se, diante de
uma situação onde determinada pessoa corra algum perigo, seu lado profissional
deve prevalecer, ou se então o correto é, se possível, tentar ajudar.
Ao
longo da história, uma quantidade incalculável de fotos foram feitas, e
determinados exemplares ganharam fama mundial por seu conteúdo, por
representarem momentos marcantes, ou possuírem tom social. A mais marcante,
entretanto, deve ser a imagem agonizante de uma criança sendo observada de
longe por um urubu no continente africano.
O
autor do retrato foi condenado por várias pessoas, que alegaram o fato de que
ele não ajudou aquela criança, não socorreu a um ser humano. A pressão foi
tamanha que a culpa o dominou e, meses depois, ele veio a cometer suicídio.
Ainda assim, a foto ganhou fama e notoriedade mundial, aparecendo sempre na
lista das mais marcantes.
O
que teria sido o correto a fazer na seguinte situação é contraditório. Na
palestra feita para a turma de Jornalismo da UFPel, Paulo Rossi falou sobre o
assunto enquanto mostrava fotos de um incêndio na galeria Zabaleta. Para o
fotógrafo, é importante deixar claro que não são em todas as situações que o
profissional pode prestar ajuda. Mas mesmo assim, não há impedimento para que
ele use a sua câmera e, em seguida, faça o que estiver ao seu alcance para
reverter a situação.
Curiosamente,
alguns dias depois, no Programa do Jô, um entrevistado alegou algo semelhante.
Contudo, não só de tristezas e tragédias é feito o trabalho de Paulo e de seus colegas
do meio. Também faz parte do seu cotidiano fotos lindas, como a beleza de uma cidade
iluminada vista de cima.
A fonte das Nereidas, fotografada por Paulo Rossi |
André
Lapuente também palestrou no Campus Porto da UFPel, transmitindo seus
conhecimentos aos alunos do curso de Jornalismo. Focando na parte de vídeos,
falou sobre os planos na hora de uma gravação, e fez uma experiência com os
estudantes, os fazendo ler um texto no quadro enquanto eram gravados.
O ciclo de palestras foi encerrado no dia
6 de Julho, e jovens que desejam ser jornalistas tiveram a oportunidade de
aumentar o leque de seus conhecimentos. Segurar câmeras e treinar postura são
partes de um caminho, que deverá ser longo, mas que certamente dará bons
resultados.
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