Pensamentos



"A sociedade que aceita qualquer jornalismo não merece jornalismo melhor." ALBERTO DINES


domingo, 10 de julho de 2011

O “fotografar” jornalístico

Ezekiel Dall'Bello

        No dia 25 de maio, realizou-se na sala 15 da Faculdade de Letras, no Campus Porto da Universidade Federal de Pelotas, palestra com o fotógrafo do Diário Popular, Paulo Rossi. Na ocasião, o profissional falou a estudantes de 3º semestre de jornalismo, tendo como base para seu discurso os avanços tecnológicos da fotografia e as experiências no fotojornalismo.
        Rossi iniciou falando um pouco sobre sua profissão e formação, comentando as qualidades do fotógrafo e alertando sobre o que iria ser tratado na noite. Apresentou câmeras fotográficas de várias épocas em breves palavras, repassando-as aos estudantes e comentando o que é específico de cada uma. Nesse momento, já induzia sua palestra a seguir na linha cronológica do tempo, no que diz respeito à evolução do fotojornalismo.
        As primeiras câmeras digitais que chegaram a Pelotas não eram muito boas, mas hoje existem máquinas excelentes. Apesar disso, Rossi nos alertou que “ainda existem fotógrafos que utilizam o filme e máquinas mais antigas. Não quiseram aderir a essa modernidade.” Contudo, para ele, “a praticidade do digital é incomparável a do tempo do filme.”
        Segundo Paulo, o avanço tecnológico foi essencial para o fotojornalismo. Ele nos citou um exemplo, que é a cobertura de um jogo de futebol. Antigamente, o jornalista deveria tirar a foto, pegar um carro, ir até o estúdio, revelar e secar a foto, passar no scanner para depois, finalmente, ir para o jornal. Hoje em dia, é só tirar a foto, passar para o computador, enviar por e-mail à edição e a foto já está publicada.
        Para nos dar uma noção do quão grande foi esse “salto” tecnológico, ele afirma: “hoje em dia, temos casos em que a foto é publicada no site e o fotógrafo ainda está no campo, o jogo nem acabou.” Fotografias são experiências. As de um jogo de futebol são mais uma.
        O importante da fotografia é a gente conseguir se expressar. Só existe um momento de apertar o botão, e devemos esperar por este momento, pois será “A” foto. O prazeroso é o fotógrafo fazer a foto, e não o computador. Rossi alerta: “Não sou contra o Photoshop e seus similares, mas acho que eles deixam os fotógrafos muito preguiçosos.” Finaliza defendendo sua empresa, dizendo: “não utilizamos a manipulação da imagem. Utilizamos os retoques. Não mudamos, melhoramos. O ideal para a máquina pode não ser o ideal para o fotógrafo. Depende do tipo de foto a ser tirada.”
        Conforme o jornalista, o fator principal da fotografia é a informação, o contexto que ela traz: “existem muitas fotos feias no jornalismo, mas também existem fotos lindas que não têm nenhuma informação. É preciso unir estética e informação. Precisamos de uma foto que nos garanta. Não podemos voltar ao jornal sem nada”, alertou.
        O sujeito deve saber operar a máquina para reproduzir aquilo que está vendo. “No fotojornalismo a gente tem que conseguir traduzir aquele evento em poucas imagens. A foto é um texto, e devemos saber unir os elementos para construir com qualidade esse texto visual”, completou Rossi, ressaltando que devemos olhar as imagens a fim de aprender a lê-las.
        O jornalista fez questão de enfatizar também que essa contextualização por parte do fotojornalista dificilmente vem igual à de outros profissionais. Exemplificou com sua vivência no Diário Popular, dizendo: “Somos quatro colegas para a fotografia do jornal e todos tipos de fotos, todas linguagens são diferentes, apesar da linha editorial ser a mesma.” Cada um pode construir a sua imagem.
        Paulo Rossi finalizou sua palestra com perguntas da plateia e a apresentação de algumas de suas fotos, comentando-as. Dentre os comentários, retornou à questão da tecnologia sempre presente no fotojornalismo, atentando para as facilidades que o mundo moderno nos viabiliza. Com o tempo se esgotando, o jornalista agradeceu a presença de todos e encerrou-se o evento.

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